quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Desespero de Fausto (Lucas Dulce)






Em vão Te procurei
no pó das salas
no mofo dos livros.
Desesperado gritei!

Sofria calado
em busca de Ti
Chorava no escuro
Morria calado!

Gritava aos ventos:
- Oh Luz! Por que foges de mim?
E Te perdia
como a água que corre entre os dedos.

Sem se quer suspeitar
que és Tu
que estás aqui, no instante
nas folhas, no calor, no ar!

Era Tu
esse desejo e esse impulso.
Estendendo-me Tua mão
me buscando, igualmente desesperado!

Meu Pai
Luz das Luzes
Criador de mim
Ancião dos Dias!

Ao Te procurar
nos livros
no pó e no mofo.
De Ti me escondia.

Nunca suspeitei
que Te encontraria
no deleite amoroso
no Fogo do prazer sexual.

Na suavidade da pele
No afago entre os seios
No cobrir dos lençóis
de dois corpos que se amam!

Oh Deus
mil desculpas
por me esqucer que o Sagrado
se esconde no Gozo Amoroso.

Essa pedra de tropeço
rejeitada por todos
tida como o "grande pecado".
Mas que na Verdade
é Puro e singelo...Amor!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Cavando as Minas da Memória de Lucas Dulce




No pó do minério.
Do jeitinho mineiro
Descalço nos campos
desse chão brasileiro.

Cores, sorrisos e flores.
Gritos, medos e dores.
Tantas lembranças
tantos amores.

O morro e a esquina
A pedra e a mina.
Arvoredo e cercas de arame.
Há quem chore, há quem ame.

Aquele fio do bigode
O pai héroi, a mãe Deusa.
Sempre calada, singela.
Tão pura, tão bela.

E o tempo sacode a cabeleira
a trança toda vermelha.
No vinil do Ramalho a poeira.
A casa pobre em um bairro comum.

Desde o pé da Roseira (A Aparecida da Consolação) de Lucas Dulce



Atenção artilheiro!
Resgatar do frio, da dor, da escuridão!
O único sobrevivente da Ilha da Ilusão!
Durante a última revolução do Coração e da Paixão!
Ele ainda está entre os "mortos".
Cure as chagas, chame socorro.
Pois sou eu o que morro ! Socorro!

Da Noite as mais frias
Das memórias, as tardias.
Das dores as mais profundas.
Das covas, as mais fundas.

A chaga, o chicote e a dor.
Tudo em meu peito, não só o Amor.
Cortes profundos, nada lá fora.
O fél, o mel, a losna e a amora.

Tanto tempo, tudo torto.
Sorte de um corpo que não está morto.
Terras, trovões, extensões terrenas.
Infância, das lembranças as mais serenas.


Daquela roseira, meu cordão.
Meu corpo, minha Vida, um Guardião
Na terra, um elo, um ritual.
De ti...a falta, a fúria, o Funeral!

Desta porteira, o rangido, o choro.
Na procura, a questão, o estopim e o estouro!!!
Do Caminho, o Mistério, o Segredo.
Nada sei, tudo busco, nehum medo.