terça-feira, 17 de maio de 2011

Uma Noite no Inferno (Lucas Dulce)


Serpentes envoltas em pedras
solitário e sorrateiro somo as perdas.
A fumaça do tabaco tenta-me os pulmões
o tilindar de taças tortas se mistura
ao estouro de gargalhadas e lamúrias
mulheres, donzelas possuídas
por bruxas insaciáveis a me seduzir
subindo em minhas pernas pelos pêlos.
Anjos disfarçados de demônios
Demônios se sentindo como Anjos.
Ao som de canções descompassadas
evocando um passado penoso, pesado.
Antigos amigos caídos me choram os pesares.
O frio corta como se fosse navalha
minhas retinas cansadas de desmazelo
mesmo que ainda zele por minha alma,
há nesse desespero uma falsa calma
que levo comigo para a cama.
Caminho entre tropeços por tropas de cavalos mancos.
Ao som percursivo de cascos de bode.
Sangue e falsos sorrisos se vendem aos baldes.
Ressoam suspiros e assopros
do bafo quente dos traumas que me sobram.
Se soubesse que a saída era em frente
não teria freado olhando para trás.
Travo agora uma batalha comigo frente ao poço
de lama e lamentações,
ações tardias de devaneios breves.
Como um Prometeu Acorrentado
na dura rocha da matéria
procuro o Éter que me levantará o Espírito.
Suspiro vagaroso e respiro
subindo a espiral do dorso da Terra
cravada na Rocha da MOntanha
e por Amor à humanidade doente
me tardo a apagar as sete marcas de minha fronte,não vejo Dante, não mergulho no Aqueronte.
Pedindo socorro, olho aos céus e corro.
Carregando uma cruz de aço e espinhos.
Esperando a donzela perfeita que irá me guiar.
Beatriz de lábios rubros
que nas asas da Aurora
levará meu ser aos campos de outrora.
De onde trago lembranças de um antigo lar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário